terça-feira, 2 de setembro de 2008

A força das palavras


Há ruas que nos passam completamente despercebidas, outras a que ninguém fica indiferente mas no meu bairro existem espaços preciosos e recantos surpreendentes.
Alfama é assim, tem o poder de seduzir ao primeiro encontro, as ruas estão cheias de sensações e se ficarmos tempo suficiente, saímos de lá com os sentidos completamente embriagados com o que nos é oferecido. 
São as cores, os cheiros intensos, a música que por se ouvir tão alta parece que caí das varandas, as texturas e remendos que se sentem quando se passam as mãos pelas paredes e a alegria tola que se sente quando se bebe um copo de vinho numa taberna cheia de gente.

Pronto, já chega, não vou escrever sobre o que AlfaMa é para mim... pelo menos por enquanto.
Apenas partilho estes pedaços de cimento, que são feios, tristes, cinzentos, gastos e que tapam o abandonado. Mas estes pedaços de cimento são também o suporte para desabafos.
Há já algum tempo que estes cantos são mensagens, na maioria das vezes sobre aMor. 
Existem tantos, são todos tão intensos e de um enorme calor.

Se pudesse também escrevia, apesar de em tempos já ter escrito nas paredes (sim, porque as ruas lá do bairro também são minhas...). Mas agora escrevia a sério e não aquelas coisas de miúdos. 

Enquanto escrevo e não escrevo cá vai a mensagem que deixaria naquele pedaço de cimento (para B): 
Nada é melhor do que sentir a tua pele a tapar-me o corpo, a tua barba na minha nuca, as mãos que me amparam o rosto

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