quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A Vida É Feita de Pequenos Nadas



(Segunda-feira

trabalhei de olhos fechados
na terça-feira
acordei impaciente
na quarta-feira
vi os meus braços revoltados
na quinta-feira
lutei com a minha gente
na sexta-feira
soube que ia continuar
no sábado
fui à feira do lugar
mais uma corrida, mais uma viagem
fim-de-semana é para ganhar coragem)

Muito boa noite, senhoras e senhores
muito boa noite, meninos e meninas
muito boa noite, Manuéis e Joaquinas
enfim, boa noite, gente de todas as cores
e feitios e medidas
e perdoem-me as pessoas
que ficaram esquecidas
boa noite, amigos, companheiros, camaradas
a vida é feita de pequenos nadas
a vida é feita de pequenos nadas

Somos tantos a não ter quase nada
porque há uns poucos que têm quase tudo
mas nada vale protestar
o melhor ainda é ser mudo
isto diz de um gabinete
quem acha que o casse-tête
é a melhor das soluções
para resolver situações
delicadas
a vida é feita de pequenos nadas

E o que é certo
é que os que têm quase tudo
devem tudo aos que têm muito pouco
mas fechem bem esses ouvidos
que o melhor ainda é ser mouco
isto diz paternalmente
quem acha que é ponto assente
que isto nunca vai mudar
e que o melhor é começar a apanhar
umas chapadas
a vida é feita de pequenos nadas

(Segunda-feira
trabalhei de olhos fechados
na terça-feira
acordei impaciente
na quarta-feira
vi os meus braços revoltados
na quinta-feira
lutei com a minha gente
na sexta-feira
soube que ia continuar
no sábado
fui à feira do lugar
mais uma corrida, mais uma viagem
fim-de-semana é para ganhar coragem)

Muito boa noite, senhoras e senhores
muito boa noite, meninos e meninas
muito boa noite, Manuéis e Joaquinas
enfim, boa noite, gente de todas as cores
e feitios e medidas
e perdoem-me as pessoas
que ficaram esquecidas
boa noite, amigos, companheiros, camaradas
a vida é feita de pequenos nadas
a vida é feita de pequenos nadas

Ouvi dizer que quase tudo vale pouco
quem o diz não vale mesmo nada
porque não julguem que a gente
vai ficar aqui especada
à espera que a solução
seja servida em boião
com um rótulo: Veneno!
é para tomar desde pequeno
às colheradas
a vida é feita de pequenos nadas
boa noite, amigos, companheiros, camaradas
a vida é feita de pequenos nadas

Sérgio Godinho




quinta-feira, 13 de novembro de 2008

coming back to LIFE


Tenho andado neste planeta com poucas palavras... mas a música e as imagens são sempre um bom complemento. Aqui fica Coming Back to Life - Pink Floyd (Division Bell 1994)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

que saudades!

Já sinto saudades das aulas de dança do ventre. 
Enquanto não as recomeço sempre posso ir matando saudades ao som do Rachid Taha. Aqui fica o videoclip do tema "Ya Rayah..."

(já agora um pouco do significado)

Meu amor... não,
não vás para longe
és o meu destino
e no meu coração a única
Tu estás no meu coração, juro
sacrificaria o mundo todo por ti...



domingo, 2 de novembro de 2008

Peter Murphy, exemplar!



Peter Murphy exemplar!
Coliseu cheio de maduros, uns fiéis ao dress code e outros com descontracção  própria de quem já se vestiu de roupa escura mas que naturalmente a foi deixando para trás. O artista foi pontualmente britânico (coisa rara nestes dias), entrou de rompante presenteando o público com a expressão corporal a que já nos tínhamos habituado mas que ninguém esperava voltar a ver ao vivo, não o podemos exigir a um homem de 51 anos. A voz estava ainda melhor, madura, segura, cuidada e fantasticamente manobrada.
O pai do rock gótico e do movimento vanguarda (termo que mais me agrada) apresentou-se com toda a cenografia nele próprio, sem efeitos especiais. É a evolução própria de quem cinefilamente apareceu em 1982 ao vivo na projecção do filme de terror The Hunger a interpretar "Bela Lugosi`s Dead" - era a primeira aparição dos BAUHAUS. 
De todos os projectos, Peter Murphy, foi-nos surpreendendo com a música, a dança e a performance. Os BAUHAUS acabaram por ficar para trás e resistiram até aos nossos dias como um mito de que todos ouviram falar mas que a maioria não os conhece, nem percebeu que a fama não bate certo com a curta existência de poucos ano, apesar dos reencontros fugazes que foram ocorrendo ao longo dos anos.
Peter foi ficando cada vez mais requintando, deixou para trás a agressividade, aprendeu novos sabores musicais e ofereceu aos seus seguidores, a maravilhosa música alternativa enfeitada com os sons tradicionais turcos. Abandonou a Inglaterra e vive em Ankara desde os anos 90 depois de se converter ao islamismo. Evoluiu, não se deixou engolir pelo deslumbramento e continua na recusa de interpretação de certos temas dos BAUHAUS por considerar que estão em conflito com o que ele é actualmente.
Da noite passada há ainda a salientar o anúncio do lançamento do novo álbum.

Hoje trago dentro de mim:

I find you in the morning
after dreams of distant signs
you pour yourself over me
like the sun through the blinds
you lift me up
and get me out
keep me walking
but never shout
hold the secret close
i hear you say
...

Cuts You UP para ver e ouvir